11/09/2012

"Família"

Bem, eu nunca postei informações mais detalhadas sobre a minha host family, porque sempre sentia receio de alguma forma eles me lessem (noia). Eu já tinha um rascunhos sobre isso (de fevereiro!) e agora vai ser bom reler o que tinha escrito e comparar com a minha atual visão sobre cada um.

Muitas pessoas me perguntaram sobre eles, eu acho que é importante visto que eu vivo e trabalho pra eles e, neste momento, acredito que eu já tenho uma visão mais clara sobre todos. Não sei que não seria muito legal falar os nomes, então, mantive as iniciais de cada um.

Hosts
T: É a pessoa com quem sempre me comuniquei via email desde o início. Claro, objetivo, quase sempre bem humorado, ao mesmo tempo que é o mais atencioso e amoroso, é o mais exigente e severo com as crianças. Costuma conversar comigo, mesmo qualquer besteiras do dia a dia, o que eu acho legal. É uma pessoa sensata apesar de usar blusas sociais com fechos do Mickey Mouse.
Notas atuais: "Sensato" é a imagem que ele tenta sempre transparecer, para manter uma posição "inabalável", mas algumas atitudes mostraram que não é bem assim. Numa discussão com a esposa no fim de um jantar, ele derramou todos os restos de comida chinesa nela na frente de todo mundo porque ela se recusava a se calar frente a "ordem" dele. O ato foi de uma agressividade tremenda, mais psicológica que física. Ah, ele é o responsável pelo terrorismo com as crianças durante os jantares em que muitas vezes alguma delas terminam chorando.

(Essa casa tem uma atmosfera muito pesada pra mim... )
 
M: Sempre séria, basicamente só fala comigo pra me orientar, corrigir e ordenar. É verdade que ela fica menos tempo em casa então naturalmente falo menos com ela.
Notas atuais: Por fim, ao chegar num momento em que faço tudo quase perfeitamente (só me engano ou esqueço algo de vez em quando), minha relação com ela até melhorou. Ela sorri de vez em quando...

Kids
Q (7 anos): Ainda é criança, então preserva coisas fofas de criança. Ingenuidade, amabilidade, carência de carinho e atenção. Ele já é um garotinho, fala inglês, então já conversamos, é bem legal. Por ser o mais novo, é a criança com quem mais convivo da casa, ainda bem. No entanto, ele é acostumado com au pairs. Resultado:  adora ter quem faça tudo pra ele, ainda que tenha suas pequenas tarefas; adora dizer o que eu tenho que fazer, pedir etc, o que me chateia um tanto às vezes (a essa altura já sei quase sempre o que tenho que fazer, não preciso mais que ele fique repetindo, é irritante, mas ele gosta).
Notas atuais: Conceitos como o de que eu venho de uma terra "inferior" já são claramente embutidos na cabeça dele. Um dia desses ele caiu da bicicleta e ao tentar reanimá-lo para seguir em frente e entrar na escola, disse a ele que era completamente normal que uma criança caísse, que todos caiem e que eu já tinha caído muito quando criança. O que eu ouço? "Mas isso foi lá na sua terra! Não aqui!". Sad.

A (11 anos): Tão bonitinha... mas é a criança mais "seca" que já conheci. Segue muito bem as regras da casa e briga bastante com os irmãos quando não querem cumprir. Percebo que o pai (T) é o grande ídolo dela. O que ainda me identifico com ela é o apetite! hehe Ela ainda é a única que prova algumas coisas que eu faço, como pudim e brigadeiro.
Notas atuais:  Mais tarde, soube que a A. tinha assumido maior responsábilidade sobre o Quinten quando eles estavam sem Au Pair, o que justifica a posição dela de constantemente repreender o irmão. Tive boas conversas com a Aspelin de uns tempos pra cá, às vezes ela pergunta coisas do tipo "Você acredita em Deus?", mas percebo que isso não muda em nada minha relação com ela. Ela continua seca e distante.
C (13 anos): Não convivo tanto com ela, por ser a mais velha e já fazer quase tudo sozinha, mas é legal. É mais sensível, emotiva e tá numa fase "pré-adolescência", chorando pelos namoradinhos, tendo notas baixas na escola.
Notas atuais: C. é a mais velha e por isso já incorporou muito mais da maneira de agir dos pais, o que não é bom...

E quando me perguntam sobre a família, por muito tempo respondi que eles eram "ok". No entanto, no meu último mês, eu já tenho certeza de que não viveria aqui nenhum dia a mais. Percebo que evitei trocar de família por questões burocráticas que julguei complicadas por muito tempo e hoje vejo que teria sido uma boa opção e não tão difícil quanto parecia. Achava que seria difícil enfrentar uma readaptação, mas, galera, difícil é viver com quem você não gosta por um ano, isso sim é difícil!

Eles são pessoas muito diferentes de mim, não só por serem holandeses, mas pela maneira que vivem. Adoram os Estados Unidos e a cultura norte-americana (sabem que agora como McDonalds toda sexta-feira né? Nem sei há quantos anos eu não comia antes de vir pra cá). São muito consumistas e arrogantes. Apesar de eu ser a quinta au pair da casa, eles ainda me olham como um alienígena em vááários momentos. É um saco! Não os interessa saber muito sobre mim ou o Brasil ou experimentar novas comidas, novas maneiras de fazer algo. Intercâmbio cultural? Só pra mim mesmo.
Ao conversar com as antigas au pairs, vi que o meu relato só se repete. Muda sim quando converso com a primeira au pair, mas ainda assim ela reconhece toda essa visão materialista e pouco "humana" da família.

Como hoje eu já me acostumei com a maneira que as coisas funcionam por aqui, já tô quase acostumada com quase isso tudo, então, me irrito menos, começo a ser indiferente a isso. No começo, o que mais me chateava era a maneira de olhar. É muito difícil conviver com esse tipo de olhar diariamente! (em que vc se sente alienígena ou sente que te olham como alguém inferior. Por vezes, penso como meu exemplo de choque cultural é algo tranquilíssimo em relação a casos mais dramáticos de imigração mesmo, como os negros imigrando forçadamente para um outro país, sendo mal tratados, imagina o que essa galera passou).

Minha avaliação: é uma família razoável pelo que ela oferece (salário e benefícios), mas a convivência é difícil e você engole e se irrita diariamente com as atitudes de todos.

Ah, devo lembrar que tudo isso envolve uma convivência de trabalho e de "família" (diária, mais cansativa). Eu sinto esses olhares, por exemplo, muito raramente na convivência entre amigos. Acho, na verdade, que tudo é tratado com mais leveza, menos seriamente e é muito mais fácil uma diferença de comportamento provocar uma risada do que um olhar hostil.

Outra observação é que eles são um exemplo de família holandesa, não um modelo né. Então, existem famílias bem diferentes por aqui...

Enfim, espero que tudo que vivi possa me fazer crescer de alguma forma e contribua para que eu seja uma pessoa melhor. Reconheço também as pessoas especiais que encontrei por aqui e hoje não consigo imaginar outra história holandesa que não ao lado delas. =)
Enquanto termino os rascunhos que comecei sobre viagens e vivências aqui na Holanda, vou tirar o mofo do blog postando vídeos, textos e tudo mais que eu encontre com algum valor, no intuito de não perder os links ou registros do que vejo de interessante pela Internet.

Pra começar, um vídeo falando sobre o 11 de setembro chileno, tão lamentável quanto o norteamericano, mas infelizmente tão menos lembrado pela imprensa em geral. O vídeo é narrado por um chileno exilado em Londres.

http://www.youtube.com/watch?v=7vrSq4cievs&feature=player_embedded

25/02/2012

Olá amig@s,
Passei um bom período sem postar nada (preguiça é o cão!), mas li umas coisas num blog de uma au pair sobre uma viagem pra Islândia (terra da Björk) e fiquei novamente motivada. Até porque tenha certeza que eu vou adorar ler esses textos quando esse período passar...

A ideia é contar das viagens recentes e até mesmo das que já passaram há um tempo. Não sei se vou cumprir a meta, mas começarei hoje e este já é o primeiro passo. :)

Bem, esta semana meus hosts me deram dois dias livres assim "do nada". Na verdade, à princípio eu achava que trabalharia todo dia e toda hora esta semana porque as crianças tão de férias da escola e, portanto, quase o dia todo em casa... mas não, terça-feira fiquei sabendo que teria dois dias livres, quarta e quinta! Putz, em cima da hora... o que fazer? Não podia ficar em casa!

Lembrei de uma ideia que vinha na cabeça há uns tempos... ir pra Cologne, cidade alemã a 1h daqui onde mora uma amiga brasileira e pra onde sempre pipoca de "caronas"!
OBS.: conheçam: http://www.mitfahrgelegenheit.de/ , site alemão pra quem quer buscar ou compartilhar transporte de um lugar pra outro. Portanto, se você tem carro e não quer viajar sozinho, quer economizar na gasolina com a contribuição de outras pessoas e ainda conhecer gente legal, se cadastra lá! Quem quer participar também! E todo mundo fica feliz no fim porque é a forma mais barata de ir de um lugar pra outro por aqui. O movimento não é tão forte na Holanda, mas já me disseram que tem algo assim por aqui também, vou caçar.
De um dia pro outro encontrei um couch (CouchSurfing), carona de ida e volta pra Cologne. Então, neguinha, tinha que ir!!! hehe  E valeu muito a pena!

Cologne 

A carona de ida peguei em Aachen, uma cidade alemã vizinha de Heerlen, e um dos alemães no carro já tinha passado um ano estudando no Brasil, o que gerou bastante conversa.
Ah, detalhe: as autoestradas alemãs não tem limite de velocidade e você vê vários carros passando ao lado e fazendo zuuuuuum! Meio doido isso! Na Holanda, o limite é 120km, que é tranquilo. ^^
Cheguei quase no fim da tarde , visitei a Catedral, que ficava ao lado da estação principal de trem, comprei um mapa e pouco depois fui para a casa da menina do CS deixar minha mochila e decidir o que faria.
Ela me recebeu super bem, era muito gente boa, mas tava atolada de trabalho e não podia me dar atenção por muito tempo. Ainda assim me deu várias dicas sobre o que fazer na cidade e isso foi realmente útil! A sorte foi que a Joelma, minha amiga brasileira, me ligou e chamou pra dormir na casa dela e passear no dia seguinte, portanto, a melhor decisão foi justamente essa.
Fui, tivemos uma ótima noite de conversa e programamos o que faríamos no outro dia. Incrivelmente, fizemos tudo o que programamos, na tranquilidade, aproveitando tudo e tendo conversas incríveis!
Começamos pela ponte dos cadeados, que ganhou esse apelido há pouco tempo, depois de vários casais apaixonados trancarem cadeados na ponte com seus nomes ou iniciais gravadas e jogarem a chave no Rio Reno como símbolo de amor eterno. Lindo né? É mesmo! A ponte ficou super charmosa com a ideia e é bem legal ver os diferentes tipos de cadeados que se encontra por lá. É bom salientar que a ideia começou numa ponte na Itália e se estendeu por outras pontes pelo mundo.



Seguimos caminhando por um parque bonitinho à beira do Reno...
 Encontramos um parque legal no caminho...
 E mais outro, um parque de esculturas muuuito massa! Eu e Joelma levamos um carão imenso por tirarmos várias fotos interagindo com as esculturas! É isso ai, estávamos mostrando nossa brasilidade mundo afora hahahahahaha (detalhe: a segunda escultura da foto era feita de algum metal, afixada no chão, mas ela se movimentava com o vento, era bem estranho ver... hehe)
Seguimos, então, para nosso último destino do dia: o Centro de documentaçao da NS. 
Logo que chegamos fomos conhecer os andares no subsolo, que na verdade seriam parte do final da rota de visita, se tivéssemos seguido a ordem desde o início. Depois percebi, então, porque eram a parte mais tocante da visita... 
Sabe, lá não era só um lugar que abrigava uma documentação específica com fotos, textos, mapas, enfim, lá era o lugar que tinha abrigado parte da história que estava sendo contada. O andar em que começamos a visita continha inúmeras celas onde pessoas haviam sido aprisionadas e torturadas durante a Segunda Guerra. Além de fotos das escrituras mais deterioradas, podíamos ver celas com desenhos e escritos ainda conservados nas paredes (estas celas eram protegidas por um vidro e não se podia entrar). 
Pessoal, ler a história dessa gente e acompanhar isso tudo é bem intenso sabe... Ver ambiente, a energia preservada  pela conservação do local em que tudo aconteceu. 
Essa foi a parte que eu mais gostei. Acho que saber os relatos individuais e a história de cada um é sempre o mais interessante pra mim, o mais palpável.
De alguns prisioneiros, só veríamos frases soltas que expressavam a agonia (de serem aprisionados, mas não serem interrogados), a falta de liberdade (muitos eram jovens), as condições do lugar (as celas das fotos podiam ter até 30 pessoas e assim eles mal conseguiam se sentar), da (dos restos de) comida e de falta de higiene (alguns passaram em torno de um mês sem um banho sequer, diziam que só lhes davam banho quando já estavam "sujos como porcos"). 
De outros, podíamos obter mais informações, sobre o que aconteceu antes de depois de chegarem ali, se a família tinha algum envolvimento político com o comunismo (lembro de um menino que foi capturado panfletando e que a mãe sempre ia levar sanduiches pra ele. No relato, tinha até uma frase do tipo "se ninguém mais lembrar de você, sua mãe lembrará"), se escaparam do lugar (em outro caso, o prisioneiro casou, constituiu família e morreu há poucos anos), para onde fugiram etc.
Havia uma sala que mais parecia um velório, com algumas flores brancas já secas no chão, no canto de uma parede onde o nome, a data de nascimento e de morte dos prisioneiros eram projetados e se ouvia um breve relato sobre cada um.
Enfim... vocês tão sentindo o feeling né?
Esqueci até de dizer que eu e a Joelma alugamos um guia de áudio. Foi bom para acelerar um pouco a visita e evitar que nós duas conversássemos muito,além de que cada uma seguia seu ritmo. Gostei bastante e acho que isso vai ser sempre válido de hoje em diante. Portanto, a visita ficou bem mais produtiva, mas era tanta informação que se tornou difícil de "gravar". 
Aí vão as fotos: 

















Então, é isso. Acho que próximo post vai ser sobre o Carnaval holandês. =)
No mais, (na medida do possível) tá tudo em paz.
Abraços!

13/11/2011

Fiz o suspense e deixei vocês esperando! =X
Bom, atrasada, mas vou falar do fim de semana em Ultrech e Amsterdam.
Foi fim de semana passado (dia 5 e 6 de novembro).  Bem, decidi ir pra lá devido a uma carona muito oportuna da hostmother até Ultrech!
Eu já tinha lido sobre essa cidade e sabia que ela era interessante! Primeiramente, tinha marcado com uma au pair brasileira que também iria pra lá, mas o encontro acabou não dando certo e decidi que conheceria um pouco do centro sozinha mesmo, com algumas orientações da minha host.
Foi uma boa caminhada, fiquei encantada com a cidade. Talvez tenha sido o contato com uma cidade maiorzinha, mais a cara da Holanda, com construções bem antigas e interessantes, canais cortando a cidade, com cafés etc. Encontrei várias lojinhas interessantes, mas a que mais me marcou foi uma só quadrinhos com edições que eu nunca tinha visto de muito quadrinho massa! Mafalda, Calvin, edições completas do Robert Crumb e Simon's cat, que eu nem sabia que tinha livro! Adorei a loja... mas muito quadrinho tava em holandês e eu me decepcionei várias vezes com isso quando pegava algum que me interessava. Não comprei nada, mas pretendo gastar um dinheirinho com isso ainda!
A próxima surpresa de Ultrech foi a melhor de todas...
"Aline caminhava pelas ruas quando de repente houve uma batucada muito conhecida pra ser verdade, mas era! Com uma pequena corrida se deparou com isso:


uma grupo de percussão tocando música brasileira!!!"
Rolou uma emoção ó! =~~  De encontrar algo que me era familiar, que faz parte de mim, num contexto tão diferente! Mas adorei, fiquei feliz mesmo, pulando sozinha lá! hehe
Depois bateu uma tristezazinha de morar numa cidade pequena e só poder me deparar com essas coisas no fim de semana, mas num quero ficar pensando nisso! Também sei que encontro momentos muito gostosos na tranquilidade de Heerlen e agora, conhecendo as pessoas por lá, as coisas tão ficando mais divertidas!
Enfim, depois disso, encontrei um lugar pra comer e fui pegar o trem pra Amsterdam.
Cheguei lá e encontrei com uma au pair brasileira que deu umas voltas comigo até a hora de começar a Museum Night.
No caminho, amig@s, olha o que eu encontrei pra mandar pra vocês! aaaahahahahahahahaaha!
Adoráveis cartões postais! 
Descobri que hostels em Adam podem ser lugares supreendentes, onde seres inesperados podem atender você! 
As lojas de souvenirs também são super engraçadas... =P 
Após o passeio, fui encontrar com duas brasileiras (e au pairs) super gente boa! Combinamos de ir pra Museum Night, um evento que acontece anualmente em Amsterdam no qual você compra um ingresso e pode visitar vários museus, entre os participantes do evento, de 19h às 2h, com transporte incluso! E a visita fica mais divertida pois em vários museus acontecem festinhas com bandas e djs e você encontra bebidas e comidas à venda! 
A caminho do museu do Van Gogh, fiz uma tentativa de tirar uma foto no tão famoso I am Amsterdam!
É... deu muito certo não! Deixa pra próxima... 
No entanto, a noite foi cult e divertida! Visitamos o museu do Van Gogh, da Anne Frank e um com nome em holandês que eu esqueci. =x Muitas conversas boas com a Fernanda e a Mah! Até que elas tiveram que ir embora... 
E a nêga aqui ficou sozinha em Amsterdam, sem trem pra voltar pra casa, ninguém pra caminhar ou lugar pra ficar! Desesperada, eu? Nada... fui procurar outro museu, queria curtir o resto da night! Meia noite, primeira noite em Amsterdam, sozinha... e alguém quer adivinhar onde a nêga aqui foi parar??? 

  Parabéns pra quem acertou!!!!
Dei meia volta e fui embora né... só depois disso percebi como a rua tava vazia e cheia de homens um tanto quanto estranhos! Escapei bem e acabei recebendo uma ligação mais tarde que me fez ir encontrar com a primeira brasileira que falei antes e as amigas delas. Elas iam have fun all night long, chamaram pra eu me juntar a elas e, assim, não precisar ter que pagar hostel naquela noite. 
E, apesar das brasileiras serem mais ou menos e a "balada" idem, ganhei um amigo muito gente boa com quem eu acho que ainda vou andar muito por Amsterdam, o Tom! 
Só mais uma coisa... ele disse que vai me apresentar o Blue Light District! Imagina só o que é! hahahaha

Eita que o post foi grande hein! 
Beijos aos amigos que me leem por aqui!

07/11/2011

Hoje vou relatar meu pior dia até agora...
A última quarta-feira (02/11/2011). Muit@s de vocês já sabem algo sobre, porque foi impossível não comentar, ao ver um nome amigo ficar on line no Facebook.
Bem, quarta-feira é o meu dia mais cheio durante a semana, pois as crianças tem diversas atividades após a escola, que neste dia acaba mais cedo (às 12h, normalmente acaba às 15h). Sendo assim, na última quarta eu tive que aprender diversos caminhos novos para cada aula, além do caminho do supermercado, que eu não sabia que não tinha fixado direito.
Meu host, então, me mostrou os dois caminhos mais distantes que eram totalmente novos pra mim, o da aula de hipismo da Aspelin (11 anos) e de golf do Quinten (7 anos). Ele ia dirigindo o carro dele e eu ia seguindo no "meu".
Primeira dificuldade: a velocidade, para chegar aos dois destinos, precisávamos pegar autoestradas, onde as pessoas aqui dirigem até a 120km/h. Eu nunca tinha dirigido nem a 90km/h e tinha, definitivamente, que seguir o limite de velocidade, pois chega a ser perigoso dirigir a menos do que a sinalização pede. Mas isso eu acostumei fácil, no segundo caminho já tava entendendo melhor a sinalização e as saídas da autoestrada que eu precisava pegar.
Depois de me mostrar esses caminhos, Ton foi comigo até o supermercado onde eu teria que fazer algumas compras, o Albert Heijn (esse supermercado tem uma rede enorme, mas permanece exclusivamente na Holanda, e tem uma sistemática pessoal de se fazer as compras, da maneira que se pega o carrinho ao pagamento no caixa, o que serve de motivo pra vários outros países da europa fazerem piadas com os costumes holandeses). No entanto, quem disse que eu sabia como voltar? Eu tinha feito esse caminho uma vez, mas com o Ton dirigindo e simplesmente não lembrava como voltar... pra completar, eu não tinha mapa. Então começou a agonia. Sabia que tinha que pegar a autoestrada pra voltar, mas não sabia a saída correta pra voltar  pra casa. E tinha que pensar nisso muito rápido, porque eu tava no mínimo a 100km/h! Portanto, tudo passava muito rápido e eu não conseguia raciocinar direito.
Quando eu saía da auto e ia parar em algum lugar em que podia ver gente e perguntar informação, a maioria das pessoas tava de bicicleta, e tornava mais difícil pra eu, dentro do carro, conseguir perguntar a algo a alguém. Quando via alguém andando, a maioria era velhinho (se bem que muitos andam de bicicleta também, acho incrível! Só imagino minha mãe indo pro supermercado de bicicleta! hehe), e são poucos os que falam inglês por aqui. Daí via um adulto e esperança, mas cadê que sabia me dar a informação ou ao menos a direção certa?!
Passou meia hora e eu não me encontrava. Chegou a uma hora e eu comecei a me desesperar, chorar, esculhambar todo o maldito e hostil povo holandês (a impressão que eu tinha é que eles não queriam ser abordados, quanto mais me ajudar) que não servia nem pra me dar uma informação e assim eu ia ficar, perdida pra sempre, e assim ia perder todos os compromissos do dia (pegar as crianças na escola, deixar nas atividades à tarde).
Então, estacionei o carro, parei e chorei mais ainda. Saí e abordei um ciclista, com o rosto vermelho de chorar, dizendo que precisava do google pra me localizar. Dai ele voltou  em casa, pesquisou o destino, imprimiu e levou a rota pra mim. Quando vi, nem acreditei, nem soube como agradecer! (então, eles não são tão hostis assim né? =)Mas ele tinha me entendido errado e tava me guiando pra outro lugar so far away... em seguida, nos estendemos e ele foi me guiando de bicicleta até um lugar que me ajudaria a achar o caminho. Mas, só no fim percebi depois, mas meu problema maior todo estava numa rotatória que eu não sabia a saída certa. E, novamente, fui pro caminho errado!
Dessa vez, fui parar numa autoestrada a caminho de Köln, na Alemanha! hahahahahaha Aí pronto, já comecei a rir de mim mesma... pensando onde diabos eu ia parar! ahuahuahuahua
Entretanto, depois de pegar  tantos caminhos errados, comecei a entender como funcionavam os retornos nas autoestradas e isso ajudou bastante. Depois de um tempo, me encontrei e enfim cheguei em casa, depois de umas duas horas perdida!
Quando cheguei em casa, adivinha o que tinha que fazer? Dirigir, dirigir e dirigir!
Nesse dia, ainda me perdi  a caminho da aula do Quinten, quando cheguei lá, atrasada uma meia hora, ele tava chorando e eu terminei de chorar com ele... Imagina a cena! hehe
Enfim, este foi o dia em que tudo que eu precisei foi um abraço quente e amigo, algo que eu ainda não posso encontrar por aqui. No entanto, ganhei vários abraços virtuais importantíssimos pra mim!  Obrigada, amig@s!!!

Aviso logo que próximo post vem com fotos e histórias sobre Ultrech e Amsterdam! :D

30/10/2011

Gente, tenho que dizer! Já vi a neve! Era artificial, mas era neve! hehe
Fui a um clube de ski onde o Quinten fez um curso de uma semana junto com um monte de outras crianças. Daí, no último dia tava rolando uma festinha de encerramento com refri e batatas fritas para todas as crianças.

Quando eu cheguei lá, achei demais perceber a fumacinha saindo da boca, fiquei rindo sozinha, matuta a coitada... É instântaneo o começo dessa fumacinha quando a gente entra na área de ski. E tava super legal até começar a sentir o frio chegando de verdade nos meus pés, pedi arrêgo e fui pra área quentinha. =)

Antes disso eu tinha visto a neve só no voo, quando o avião passou pelas montanhas na Alemanha e tava tudo branquinho, paisagem linda, nunca vista antes. Outra coisa legal do voo foi ver os aviões passando do lado, vi pelo menos quatro! E fiquei impressionada porque nunca tinha visto isso no Brasil... acho que o espaço aéreo da Europa é bem menor e por isso acontece isso.

No mais, tão dizendo que o inverno vem aí de cum força e eu não quero nem imaginar...
Quando você planeja uma viagem, sempre tem em mente que vai encontrar diferenças culturais, sociais, enfim, de todos os tipos. No entanto, isso tudo faz parte de um quarto ainda escuro, completamente desconhecido e que, de acordo com destino, é completamente mutável. E aí está grande parte da emoção de enfrentar a viagem, e no caso do intercâmbio, você tem um tempo razoável para ir como que com sua laterna descobrindo cada parte do quarto, cada canto e brecha.

Assim acontece a cada saída aqui, ainda mais nestes primeiros dias, uma simples ida ao supermercado traz todo o aprendizado de um mundo novo. Como é o estacionamento? O carrinho? O caixa das compras? E você se pega pensando como não pensou antes como várias coisas podiam ser diferentes...

Então, vamos lá, às diferenças: o estacionamento é pago em uma máquina e funciona mais ou menos como a Zona Azul, antes mesmo de entrar no supermercado você paga e imprime um ticket equivalente ao tempo que você planejou permanecer no supermercado, se você ultrapassar o tempo e houver fiscalização, você pode ser multado; para pegar o carrinho você precisa depositar uma moedinha para retirá-lo de onde está afixado; em seguida, você pega um bip que você mesmo ultilizará para passar suas compras; no supermercado, existe uma máquina que recebe suas garrafas pet, você as deposita e recebe uma quantidade de dinheiro equivalente a quantidade de garrafas. Segundo meu host, você não "ganha" este dinheiro, mas sim lhe é "devolvida" a quantia que você investiu na compra da garrafa. Por fim, você paga as compras bipadas com cartão de crédito em uma máquina, mas também existem caixas convencionais que recebem as compras pagas em dinheiro.

A tarefa de colocar as garrafas pet na máquina foi executada pelo Quinten, o pivetinho de sete anos que eu cuido. Daí a gente tira que desde pequeno eles aprendem a importância disso.E eles também reciclam plástico em geral em casa.

Dessa forma, o que podemos perceber é que uma série de funções "automáticas" ainda executada por pessoas em vários lugares são anuladas aqui, num precisa dizer porquê né? =T Ah, aqui você também bota sua própria gasolina no posto, opera a máquina e paga na loja de conveniência.

Hoje foi meu dia de dirigir por aqui, dar uma volta com a host para ver os lugares que eu precisava aprender a ir. Dizem que geralmente as cidades daqui tem ruas estreitas, que é uma loucura dirigir em Amsterdam com tantas bicicletas e pessoas. As ruas só ficam mais largas nas autoestradas. Ah, eu recebi um aviso de que todas as au pairs anteriores bateram o carro alguma vez e que eu não me assustasse se isso acontecesse comigo também! =O

Aqui em Heerlen tráfico de bicicletas é  menor, mas elas continuam tendo prioridade por levarem em conta a vulnerabilidade dos ciclistas. Senti dificuldade de dar prioridade nos balões, parar no meio do fluxo, mas entendo as razões.

Poisé, minha lanterninha tá iluminando várias coisas já e fico cada vez mais curiosa para ver o que está por vir!